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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Dez autores, vinte livros

Elaborar listas é uma experiência deliciosa, assim que você faz as pazes com sua angústia da ignorância qualitativa e se resigna diante do fato de que uma lista-é-uma-lista-é-uma-lista que necessariamente terá um ponto final. Pois ontem superei essas duas dificuldades e me diverti muito montando uma lista inédita em minha vida: a de livros e autores preferidos. Gostei tanto da experiência que decidi publicar o resultado aqui no blog, embora ele não seja nem de longe tão interessante quanto o processo por que passei para chegar a esses dez escritores e suas obras. Menciono um ou dois livros de cada, com comentários de no máximo três linhas sobre as circunstâncias em que os li, as sensações que me despertaram e, muito raramente, sobre algo de seu conteúdo. Para arredondar, fui acrescentando à lista outros dos meus livros fundamentais até que totalizassem vinte - afinal, o melhor das listas é a possibilidade de brincar com seus parâmetros e critérios.

Sobre estes últimos, uma ressalva. Não vou fingir que não senti uma leve pontada de vergonha ao constatar que minha lista não inclui Clarice ou Guimarães Rosa (embora eu tenha lido muita ou pouca coisa de ambos, e gostado bastante) e conta, por outro lado, com a presença de um psicanalista norte-americano praticamente desconhecido até nos cursos de graduação em Psicologia, e com uma autora de livros infanto-juvenis. Mas a vergonha não foi maior do que o desejo de ser honesta para com a minha própria experiência: afinal, meu único critério para elaborar esta lista foi selecionar os livros que me emocionaram mais. E como estou cada vez mais cansada de me envergonhar das minhas próprias emoções, segue a lista em toda sua obviedade e idiossincrasia:

Freud. A Interpretação dos Sonhos e textos como O Estranho, Luto e Melancolia e Além do Princípio do Prazer, tanto quanto a (pouca) experiência analítica que acumulei como analisanda, analista em formação e supervisionanda, definitivamente salvaram a minha vida.

Dostoiévski. O Idiota - quando o li, ele era a única coisa no mundo que conseguia me fazer esquecer por uns breves instantes uma paixão muito sofrida. Quando descobri que o homem amado também amava O Idiota, é claro que me apaixonei mais ainda. Crime e Castigo - ainda consigo sentir o gosto amargo que Raskólnik produzia em minha boca. A experiência sinestésica paradigmática da minha vida.

Vargas Llosa. Tia Julia e o Escrevinhador - que outra história teve um desfecho tão minuciosamente bem construído e tão maravilhosamente engraçado?

García Márquez. O Amor nos Tempos do Cólera (a história mais comovente de todos os tempos), Cem Anos de Solidão (dã).

Calvino - Os Nossos Antepassados, embora eu ache que eles sejam nossos contemporâneos também.

Monteiro Lobato - para citar apenas o meu preferido, Os Doze Trabalhos de Hércules, que me levaram a montar um altar para Palas Atena no meu quarto.

Lygia Bojunga Nunes - outra autora fundamental da minha infância. A Bolsa Amarela e A Casa da Madrinha deviam ser leitura obrigatória para o vestibular. A Casa, em especial, é um dos relatos mais tocantes sobre as relações entre fantasia e realidade com que já tive a sorte de me deparar.

Vale entrar autor de quem li livro só? Bom, a lista é minha, então vale:

Proust. No Caminho de Swann ensinou-me que os limites do representável são muito mais elásticos do que eu tolamente acreditava.

Amós Oz - De Amor e Trevas valeu por uma segunda análise.

J.M. Coetzee - Desonra foi a leitura mais compulsiva dos últimos anos.

Outros livros altamente estimados: Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso; Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Barthes; Para Viver um Grande Amor, de Vinícius; Subjects of Analysis, de Ogden; Carta ao Pai, de Kafka; Ficções, de Borges; Na Praia, de Ian McEwan e As Palavras, de Sartre.

EDITADO PARA ACRESCENTAR: Eu juro que tentei me comportar como uma blogueira antenada e multimídia, que usa e abusa dos mais diversos recursos gráficos em seus posts para prender a atenção do enfastiado leitor. (Os diversos recursos gráficos, no caso, não passam das fotinhos dos livros acima mencionados, mas ninguém precisaria ficar sabendo disso.) Se você chegou até aqui, caríssimo leitor, é sinal de que não está tão enfastiado assim; se você, além disso, souber o que se há de fazer para que o editor de textos do blogger publique aquilo que diagramei nele, damn it!, é favor compartilhar seus conhecimentos secretos comigo e com o restante da humanidade no espaço para comentários aí de baixo. Obrigada.

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