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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Endorfinas e outras surpresas

Respondendo a parte dos comentários do post abaixo e reconhecendo oficialmente a presença do "elefante na sala" - sim, agora sei o que é endorfina. Acho que fiquei com medo de usar esta palavra antes por medo de que a sensação se desfizesse caso eu viesse a nomeá-la com todas as letras. Mas, a interação humana é uma coisa fantástica: a reação de vocês ao meu mais bem-sucedido relacionamento até hoje fez-me pensar que, até bem pouco tempo, a endorfina estava para mim assim como o orgasmo estava para a Geena Davis em Thelma & Louise (não, não adianta que não sei qual das duas ela é; o máximo de diferenciação a que consegui chegar foi chamá-las de "a moça feia" e "a moça bonita"). Pois bem - como todo mundo se lembra, a moça bonita tem seu primeiro orgasmo na vida com o Brad Pitt (aqui entraria a piada sexy pronta, tipo "também, com ele até eu", mas a verdade é que não acho o Brad Pitt interessante). O que importa reassaltar é que, após esta experiência inédita, a moça bonita fala para a moça feia: "mas então, é por isso que as pessoas falam tanto de sexo!". O que quer dizer que, até aquele momento, ela não acreditava em orgasmos - ou, de forma mais ampla, não acreditava que o sexo podia ser uma experiência prazerosa. Ela não tinha fé no sexo.

Assim era eu com a liberação de endorfinas. No fundo, acho que nunca tive fé em que nadar, correr, pular ou sacolejar pudessem constituir experiências prazerosas. Não desse jeito.

De uns tempos para cá, perdi a vergonha de sambar em público, venho cozinhando macarrões cada vez mais apetitosos e, por fim, vi-me obrigada a admitir que endorfinas existem - todas elas realizações que vão contra traços supostamente fundamentais da minha personalidade. (Felizmente, nunca deixei de inserir a palavra "supostamente" antes de "fundamentais".) Portanto, era de se esperar que após a desconstrução destes três paradigmas (atenção para o advérbio) supostamente fundamentais da minha identidade - não sei sambar, não sei cozinhar e não gosto de me exercitar - nada mais me surpreendesse.

Então preparem-se para se maravilhar com os descaminhos que pode sofrer o desejo humano.

Desde um certo episódio da oitava temporada...

Comecei a gostar do Seinfeld.

Não o gostar do dicionário, mas o gostar da sexta série. O gostar da cosquinha na barriga que a gente torce para que vire borboletas no estômago, mas nem liga quando a transformação não acontece (ontem a Bel me dizia que, quando criança, nem sempre acertava a bolinha com a raquete, por mais que tentasse; mas e daí, era divertido do mesmo jeito).

Mais uma vez, não sou ninguém para explicar como e por que isso aconteceu. Mas posso dizer e descrever o quando.

Foi num episódio que parte da premissa de que "o meio faz o homem". Seinfeld e Kramer trocam de apartamento por alguns dias, e assumem a personalidade um do outro.

Vejam bem, Seinfeld e Kramer sempre me interessaram tanto quanto Brad Pitt, isto é, nada.

Mas há alguma coisa nesse Seinfeld kramerizado que imediatamente me comoveu e me alucinou.

Abaixo, a promo da oitava temporada para vocês verem (não se preocupem em entender, sei que isso é pedir demais) do que estou falando. O hot Seinfeld aparece aos 46 segundos.

E agora vocês me dão licença, que daqui a pouco tenho natação...

Bom fim de semana a todos!


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