O problema do sexo, parte 2
Neste texto, esmiucei as causas da aridez afetiva em que se converte a vida sexual de uma mulher solteira prestes a deixar o Brasil por cinco anos - principalmente se o comparamos com o que vive um homem na mesma situação. Na época, eu havia me baseado somente no exemplo do Alex, mas hoje posso ir além: não apenas ele como todos os homens que deixam o Brasil por tempo indeterminado têm acesso temporário a todo um exército de virgens sedentas a que nem o mais suicida dos talibãs poderia aspirar.
Diferentemente do que fiz naquele texto, porém, agora não estou reclamando dessa diferença. Até porque um exército de homens virgens talvez seja excitante para um adolescente gay, mas definitivamente não o é para mim.
Hoje vou reclamar de outra coisa. Aconteceu o seguinte: na aridez em que me encontro, me aparecem dois homens casados (não, ainda não estou reclamando). Que logo despachei, e beleza. Em seguida, qual o conselho que mais ouço? (Começa aqui a reclamação:)
"Poxa, Camila, mas e daí que o cara é casado? Afinal, em dois meses você vai embora mesmo!"
E eu fico me perguntando o que que uma coisa tem a ver com a outra.
Vai ver se alguém disse pro Alex ou pra qualquer homem na mesma situação que ele: "poxa, meu filho, dá uma chance pra essa baranga aí, afinal você vai embora mesmo". Não: ao homem cabe esperar sentadinho pelo exército das virgens. À mulher, contentar-se com o primeiro homem casado que aparecer.
Claro está que o homem casado pode não ser nada barango. Mas, que me importa - um homem casado me brocha tanto quanto uma mulher baranga a um homem. Também me são brochantes homens que votam no Serra, que sentam no lugar reservado para idosos no metrô e que gostam de pagode. Alguém pode argumentar que votar no Serra e se aproveitar de velhinhos não é uma questão de excitação sexual, e sim de caráter. Pode até ser. Mas gostar de pagode, não. Um homem pode muito bem gostar de pagode e ser um corretíssimo cidadão, zeloso de seus direitos e cumpridor de seus deveres. E daí? Continuo achando o exemplar cidadão deveras brochante. Assim como um homem casado, que pode ser excelente pai de família e tratar muito bem de sua mulher, filhos e amantes. E eu ainda achando tudo muito brochante.
Não se trata, portanto, de uma questão moral, e sim de desejo.
Eu não sei uma série de coisas. Não sei fazer bola de chiclete, não sei assoviar, não sei cantar (fato que agora é de domínio público) e nunca consegui aprender de que lado da Paulista fica o MASP. Mas tudo bem. Porque pelo menos uma coisa importante eu já aprendi: a não me contentar com pouco.
A não me contentar com nem um volt a menos do que pede o meu desejo.
Meu desejo não tem pressa alguma de ser satisfeito.
Diferentemente do que fiz naquele texto, porém, agora não estou reclamando dessa diferença. Até porque um exército de homens virgens talvez seja excitante para um adolescente gay, mas definitivamente não o é para mim.
Hoje vou reclamar de outra coisa. Aconteceu o seguinte: na aridez em que me encontro, me aparecem dois homens casados (não, ainda não estou reclamando). Que logo despachei, e beleza. Em seguida, qual o conselho que mais ouço? (Começa aqui a reclamação:)
"Poxa, Camila, mas e daí que o cara é casado? Afinal, em dois meses você vai embora mesmo!"
E eu fico me perguntando o que que uma coisa tem a ver com a outra.
Vai ver se alguém disse pro Alex ou pra qualquer homem na mesma situação que ele: "poxa, meu filho, dá uma chance pra essa baranga aí, afinal você vai embora mesmo". Não: ao homem cabe esperar sentadinho pelo exército das virgens. À mulher, contentar-se com o primeiro homem casado que aparecer.
Claro está que o homem casado pode não ser nada barango. Mas, que me importa - um homem casado me brocha tanto quanto uma mulher baranga a um homem. Também me são brochantes homens que votam no Serra, que sentam no lugar reservado para idosos no metrô e que gostam de pagode. Alguém pode argumentar que votar no Serra e se aproveitar de velhinhos não é uma questão de excitação sexual, e sim de caráter. Pode até ser. Mas gostar de pagode, não. Um homem pode muito bem gostar de pagode e ser um corretíssimo cidadão, zeloso de seus direitos e cumpridor de seus deveres. E daí? Continuo achando o exemplar cidadão deveras brochante. Assim como um homem casado, que pode ser excelente pai de família e tratar muito bem de sua mulher, filhos e amantes. E eu ainda achando tudo muito brochante.
Não se trata, portanto, de uma questão moral, e sim de desejo.
Eu não sei uma série de coisas. Não sei fazer bola de chiclete, não sei assoviar, não sei cantar (fato que agora é de domínio público) e nunca consegui aprender de que lado da Paulista fica o MASP. Mas tudo bem. Porque pelo menos uma coisa importante eu já aprendi: a não me contentar com pouco.
A não me contentar com nem um volt a menos do que pede o meu desejo.
Meu desejo não tem pressa alguma de ser satisfeito.
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