Este era pra ser um post engraçado
Era mesmo, juro. Se bem que a intenção da graça costuma ser o maior antídoto contra esta. Mas vamos dar algum crédito à minha verve cômica e supor que, sim, o texto era engraçado. Ou divertido, ao menos. E eu o vetei. E fiquei pensando nos motivos pelos quais o fiz, e de repente o veto ficou bem mais importante que a graça em si.
Segue o texto escrito ontem, com o veto devidamente explicitado:
"Hoje aprendi duas coisas numa conversa com meu marido por 10 dias em New Orleans. Primeiro, que a vida é um rio - mas essa lição fica para outro dia. O segundo e importante aprendizado foi o insight que segue:
Estou começando a poder rir do tremendo fora que levei. Não, não superei nada - nem a humilhação, nem a dor nem o desprezo; não estou ótima. Mas pelo menos estou rindo. E muito. Principalmente com a lembrança do que passaram a ser as conversas telefônicas com o ex lá em NOLA:
**Insiram aqui o que for do gosto de vossas imaginações.**
Dizem que rir é o melhor remédio. (Nunca entendi isso.)
Pelo menos desta vez, o riso pareceu-me um primeiro sinal de cura."
Vale dizer que o parágrafo em questão trazia apenas falas de minha autoria.
O trecho não era propriamente ofensivo. Mas, ao mesmo tempo, não havia a menor possibilidade de alguém ler a reconstituição da conversa, mesmo que de um lado só, e não achar o cara um completo idiota. E este blog não se propõe a chamar ninguém de idiota - a não ser eu mesma, que isso é dos melhores exercícios de auto-confiança que há. Naturalmente, no caso, julgo-me a mais idiota dos dois, pois quem se apaixona pelo idiota é sempre mais idiota que o próprio. Mas o causo é que a questão não é essa - e sim que, ao escrever com intenções de espelhar no texto o que aconteceu na realidade, deixo de falar do ex-namorado objeto-interno para falar do objeto-externo novamente, coisa de que abdiquei faz tempo. Aliás, a verdade é mais complexa do que isso - pois todos sabemos que, de fato, é só de um objeto interno que posso falar agora. Construir um texto pretensamente calcado na realidade seria fingir para o leitor que estou falando de um objeto-externo, quando estou falando o tempo todo do meu próprio desespero e abandono. E esses sentimentos, agora, são só meus. Quem os provocou não tem mais nada a ver com eles.
Então é óbvio que eu acho meu ex-namorado um idiota. Ele me deu todos os motivos para isso. Mas é óbvio também que ele não deu motivo nenhum para mais ninguém - dizer nada de ruim a seu respeito. E o post como estava era um convite para isso: uma chuva de comentários fazendo pouco do cara. Eu não preciso disso.
Mas é claro que há também um motivo muito menos nobre para eu não divulgar o tal parágrafo. É nisso que dá, amigos, ser abandonada desta forma (nessas horas até me esqueço dos tantos outros foras que eu mesma generosamente distribuí pelo mundo) - vejam até onde vão as fantasias de rejeição de uma frágil rapariga: e se, um belo dia, um homem interessantíssimo lê este post e se atemoriza. Fica com medo da minha grande língua e dos meus dedos maiores ainda, digitando tresloucadamente.
Felizmente, a rapariga não é tão frágil assim. Porque se um homem tem medo de mim - como vem sendo o caso - bem, então a verdade é que ele não era nada interessante.
Simples assim.
Segue o texto escrito ontem, com o veto devidamente explicitado:
"Hoje aprendi duas coisas numa conversa com meu marido por 10 dias em New Orleans. Primeiro, que a vida é um rio - mas essa lição fica para outro dia. O segundo e importante aprendizado foi o insight que segue:
Estou começando a poder rir do tremendo fora que levei. Não, não superei nada - nem a humilhação, nem a dor nem o desprezo; não estou ótima. Mas pelo menos estou rindo. E muito. Principalmente com a lembrança do que passaram a ser as conversas telefônicas com o ex lá em NOLA:
**Insiram aqui o que for do gosto de vossas imaginações.**
Dizem que rir é o melhor remédio. (Nunca entendi isso.)
Pelo menos desta vez, o riso pareceu-me um primeiro sinal de cura."
Vale dizer que o parágrafo em questão trazia apenas falas de minha autoria.
O trecho não era propriamente ofensivo. Mas, ao mesmo tempo, não havia a menor possibilidade de alguém ler a reconstituição da conversa, mesmo que de um lado só, e não achar o cara um completo idiota. E este blog não se propõe a chamar ninguém de idiota - a não ser eu mesma, que isso é dos melhores exercícios de auto-confiança que há. Naturalmente, no caso, julgo-me a mais idiota dos dois, pois quem se apaixona pelo idiota é sempre mais idiota que o próprio. Mas o causo é que a questão não é essa - e sim que, ao escrever com intenções de espelhar no texto o que aconteceu na realidade, deixo de falar do ex-namorado objeto-interno para falar do objeto-externo novamente, coisa de que abdiquei faz tempo. Aliás, a verdade é mais complexa do que isso - pois todos sabemos que, de fato, é só de um objeto interno que posso falar agora. Construir um texto pretensamente calcado na realidade seria fingir para o leitor que estou falando de um objeto-externo, quando estou falando o tempo todo do meu próprio desespero e abandono. E esses sentimentos, agora, são só meus. Quem os provocou não tem mais nada a ver com eles.
Então é óbvio que eu acho meu ex-namorado um idiota. Ele me deu todos os motivos para isso. Mas é óbvio também que ele não deu motivo nenhum para mais ninguém - dizer nada de ruim a seu respeito. E o post como estava era um convite para isso: uma chuva de comentários fazendo pouco do cara. Eu não preciso disso.
Mas é claro que há também um motivo muito menos nobre para eu não divulgar o tal parágrafo. É nisso que dá, amigos, ser abandonada desta forma (nessas horas até me esqueço dos tantos outros foras que eu mesma generosamente distribuí pelo mundo) - vejam até onde vão as fantasias de rejeição de uma frágil rapariga: e se, um belo dia, um homem interessantíssimo lê este post e se atemoriza. Fica com medo da minha grande língua e dos meus dedos maiores ainda, digitando tresloucadamente.
Felizmente, a rapariga não é tão frágil assim. Porque se um homem tem medo de mim - como vem sendo o caso - bem, então a verdade é que ele não era nada interessante.
Simples assim.
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