Uma foto e um grupo de amigos
Gabriel em primeiro plano no 7 cordas - substituindo ninguém menos que Carlinhos! - com um grupo de samba de Macaé.
Minha amizade com Gabriel nasceu de um fórum do Pat Metheny Group, há exatos dez anos. Deu-se uma coisa curiosa: a meia dúzia de brasileiros do fórum usamos intensamente aquele espaço de discussão por uma ou duas semanas. Depois trocamos nossos respectivos e-mails e telefones e raramente voltamos a dar as caras por lá. Teve início então uma série interminável de e-mails, telefonemas e encontros temáticos, que dez anos depois continua sendo uma das maiores fontes de prazer da minha vida.
Naturalmente, minha amizade com estas pessoas hoje em dia ultrapassa em muito a mera - que, na verdade, só é "mera" para quem está de fora - conversa sobre cada um dos trinta e tantos discos e das centenas de shows (se somarmos a experiência de cada um) ouvidos. Mas a base é uma só.
Vejam bem: até o advento de Gabriel, Marcelo, Edinho e Tato em minha vida, eu era apenas uma adolescente bizarra que lia a Downbeat na aula de matemática e transcrevia solos de synth do Pat nas horas vagas para tocá-los ao piano (soavam horrorosos, claro).
Depois que os conheci, passei a ser uma adolescente cuja bizarrice pelo menos era compreendida e até amada.
O primeiro de quem fiquei bem próxima foi o Edinho. Em poucas horas de conversa pelo ICQ descobrimos que só não éramos irmãos porque, por alguma falha do planejamento divino, não compartilhávamos dos mesmos pais. Tal qual a Second Line, eu me emocionava só de pensar que ele existia: o momento em que o conheci pessoalmente não foi uma experiência de ineditismo, e sim um reencontro. Simplesmente demos continuidade a uma relação que, embora tecnicamente não existisse antes de nos conhecermos virtualmente, de fato sempre esteve latente. (Desculpem-me pela filosofada, mas não consigo ser mais precisa do que isso.) Hoje, falo e encontro com ele bem menos do que eu gostaria, e isso me entristece sobremaneira. Mas a esperança é a última.
Por meio do Edinho conheci o Marcelo, que calhou de ser a minha primeira paixão. Durou duas semanas cravadas, mas tudo bem - a primeira paixão marca bem mais que o primeiro sutiã. Como é que eu não ia me apaixonar - um homem daquele tamanho, o mais lindo que eu já tinha visto (segue firme entre meus top 3), forte, gostoso, tocando lindamente todo o repertório do Toninho Horta - e que ainda por cima preparava um leite com toddy que só ele! Eu só tinha que me apaixonar mesmo. Mas rapidamente a paixão se foi e deu lugar a um amor que é para toda a vida. Um dia seremos velhinhos a assistir juntos à última criação do J.J. Abrams enquanto comemos X-salada - ou seja, exatamente o que fazemos hoje.
Como o mundo é pequeno, o Marcelo conhece o Tato, que é um amigo que não se parece com mais nada na minha vida. Claro, ele faz parte dessa turma, mas... É muito, muito diferente. Com ele também se contabilizam horas e mais horas de ligações telefônicas, encontros em estúdios e idas à lojinha de CDs. Mas não sei. Talvez a grande diferença seja que, com ele, a ligação musical vai bem mais além do Pat do que com os outros amigos. Não importa. Como Dorival Caymmi e Joni Mitchell - duas, aliás, das paixões em que mais somos cúmplices - o Tato é uma amizade que parece ter vindo do nada (reparem que identificar influências claras tanto em Caymmi quanto na Joni é das tarefas mais complexas). E continua devendo ao mundo sua página no myspace.
Com o Gabriel - cujo disco, aliás, estou certa de que fará o Tato pirar de excitação -, deu-se o grude mais forte, talvez por termos praticamente a mesma idade: passamos pelo menos um ano conversando no mínimo duas horas por telefone todo fim-de-semana, e não tínhamos dois nem três assuntos. O assunto era um só: os shows do Pat Metheny Trio em São Paulo. Na verdade, hoje nem desconfio de que estranhos mecanismos nos utilizávamos para fazer um único assunto render tanto. Milagrosamente, porém, rendia. Acho que nem chegávamos a nos dar conta do absurdo daquelas conversas - toda semana, "e aí, o que será que eles vão tocar?". Novamente não importa, pois o absurdo fazia um bem imenso a nós que mergulhávamos nele.
Ao leitor deste blog não é necessária muita sagacidade para perceber meus vários defeitos. De um deles, porém, encontro-me inteiramente isenta: nunca, nem por um segundo, me esqueço da sorte que tenho de ter essas quatro pessoas em minha vida.
Minha amizade com Gabriel nasceu de um fórum do Pat Metheny Group, há exatos dez anos. Deu-se uma coisa curiosa: a meia dúzia de brasileiros do fórum usamos intensamente aquele espaço de discussão por uma ou duas semanas. Depois trocamos nossos respectivos e-mails e telefones e raramente voltamos a dar as caras por lá. Teve início então uma série interminável de e-mails, telefonemas e encontros temáticos, que dez anos depois continua sendo uma das maiores fontes de prazer da minha vida.
Naturalmente, minha amizade com estas pessoas hoje em dia ultrapassa em muito a mera - que, na verdade, só é "mera" para quem está de fora - conversa sobre cada um dos trinta e tantos discos e das centenas de shows (se somarmos a experiência de cada um) ouvidos. Mas a base é uma só.
Vejam bem: até o advento de Gabriel, Marcelo, Edinho e Tato em minha vida, eu era apenas uma adolescente bizarra que lia a Downbeat na aula de matemática e transcrevia solos de synth do Pat nas horas vagas para tocá-los ao piano (soavam horrorosos, claro).
Depois que os conheci, passei a ser uma adolescente cuja bizarrice pelo menos era compreendida e até amada.
O primeiro de quem fiquei bem próxima foi o Edinho. Em poucas horas de conversa pelo ICQ descobrimos que só não éramos irmãos porque, por alguma falha do planejamento divino, não compartilhávamos dos mesmos pais. Tal qual a Second Line, eu me emocionava só de pensar que ele existia: o momento em que o conheci pessoalmente não foi uma experiência de ineditismo, e sim um reencontro. Simplesmente demos continuidade a uma relação que, embora tecnicamente não existisse antes de nos conhecermos virtualmente, de fato sempre esteve latente. (Desculpem-me pela filosofada, mas não consigo ser mais precisa do que isso.) Hoje, falo e encontro com ele bem menos do que eu gostaria, e isso me entristece sobremaneira. Mas a esperança é a última.
Por meio do Edinho conheci o Marcelo, que calhou de ser a minha primeira paixão. Durou duas semanas cravadas, mas tudo bem - a primeira paixão marca bem mais que o primeiro sutiã. Como é que eu não ia me apaixonar - um homem daquele tamanho, o mais lindo que eu já tinha visto (segue firme entre meus top 3), forte, gostoso, tocando lindamente todo o repertório do Toninho Horta - e que ainda por cima preparava um leite com toddy que só ele! Eu só tinha que me apaixonar mesmo. Mas rapidamente a paixão se foi e deu lugar a um amor que é para toda a vida. Um dia seremos velhinhos a assistir juntos à última criação do J.J. Abrams enquanto comemos X-salada - ou seja, exatamente o que fazemos hoje.
Como o mundo é pequeno, o Marcelo conhece o Tato, que é um amigo que não se parece com mais nada na minha vida. Claro, ele faz parte dessa turma, mas... É muito, muito diferente. Com ele também se contabilizam horas e mais horas de ligações telefônicas, encontros em estúdios e idas à lojinha de CDs. Mas não sei. Talvez a grande diferença seja que, com ele, a ligação musical vai bem mais além do Pat do que com os outros amigos. Não importa. Como Dorival Caymmi e Joni Mitchell - duas, aliás, das paixões em que mais somos cúmplices - o Tato é uma amizade que parece ter vindo do nada (reparem que identificar influências claras tanto em Caymmi quanto na Joni é das tarefas mais complexas). E continua devendo ao mundo sua página no myspace.
Com o Gabriel - cujo disco, aliás, estou certa de que fará o Tato pirar de excitação -, deu-se o grude mais forte, talvez por termos praticamente a mesma idade: passamos pelo menos um ano conversando no mínimo duas horas por telefone todo fim-de-semana, e não tínhamos dois nem três assuntos. O assunto era um só: os shows do Pat Metheny Trio em São Paulo. Na verdade, hoje nem desconfio de que estranhos mecanismos nos utilizávamos para fazer um único assunto render tanto. Milagrosamente, porém, rendia. Acho que nem chegávamos a nos dar conta do absurdo daquelas conversas - toda semana, "e aí, o que será que eles vão tocar?". Novamente não importa, pois o absurdo fazia um bem imenso a nós que mergulhávamos nele.
Ao leitor deste blog não é necessária muita sagacidade para perceber meus vários defeitos. De um deles, porém, encontro-me inteiramente isenta: nunca, nem por um segundo, me esqueço da sorte que tenho de ter essas quatro pessoas em minha vida.
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