Mudei de endereço

Postar um comentário

terça-feira, 6 de maio de 2008

Release do disco do Gabriel, versão 1.0 - HELP!!!

Gentes deste meu blog - e, principalmente, gentes que se interessam por jazz e música brasileira (Francisco, Homo antiquus, Giacomo e Cintia - é, é com vocês mesmo que estou falando!) - por favor, por favor mesmo, leiam o textinho abaixo com as seguintes considerações em vista:

- A idéia do release é que o jornalista / produtor que o leia, que nunca viu nem ouviu um Gabriel mais gordo, sinta-se impelido a ouvir o diabo do disco (que, de fato, deve ser coisa de Deus ou do Demo, de tão bom);

- "Instrumento de acompanhamento" é tão feio (riminha sem graça) - dá pra substituir pelo quê?

- O tal do "interlúdio com ecos de Lyle Mays", na verdade, não é interlúdio coisa nenhuma. Um interlúdio - ou ponte - leva a música de A até B, leva o troço de um lugar a outro. Não é o que acontece na música do Gabriel - trata-se de, bem, uma intromissão muitíssimo bem-vinda no samba. Então como é que eu chamo isso?

- A história de que o disco dá especial ênfase ao samba e à valsa é um semi-caô, pois valsas mesmo só há duas - mas é que elas são TÃO as minhas duas preferidas, que achei que isso precisava ser ressaltado! :-)

- Uma das valsas - a preferida do meu pai, e minha vice - está no myspace dele: Lis Bela.

- O frevo que vira marcha também está : Galopeando.

- Acho que o tamanho do texto está razoável. Mas o conteúdo que é bom... Não tenho nem idéia se serve como release. Será? Assessores de imprensa, manifestai-vos!

***

Aos 27 anos e com um mestrado em composição pela UniRio no currículo, o ilheense Gabriel Santiago presenteia o mundo com um disco surpreendente e generoso. Surpreende, em primeiro lugar, por ser o disco de estréia de um músico jovem, pois se trata do trabalho de um compositor e arranjador maduro, que já pôde processar agumas de suas principais influências - notadamente, Ivan Lins e a dupla Pat Metheny / Lyle Mays - para construir uma linguagem musical própria. (Diga-se desde já que esta linguagem prestou-se a ótimas conversas com músicos do porte de Odair Assad, Gilson Peranzzetta e Márcio Bahia, para citar apenas alguns.)

Constituído quase que inteiramente por composições do próprio Gabriel, o disco transita pelo jazz e pela música brasileira, com especial ênfase no samba e na valsa - sem, entretanto, dar a impressão de uma colcha de retalhos. O que dá liga a composições estilisticamente distintas é, de um lado, o "senso de inevitabilidade" que as permeia - aquela sensação tão subjetiva e tão concreta de que a cada nota e a cada acorde só poderiam seguir-se precisamente aquela próxima nota e aquele próximo acorde - e, de outro, o delicado entrelace de partes escritas e partes improvisadas, característica tão cara ao Pat Metheny Group. Esse cuidado com a composição faz de cada improviso registrado no disco uma seção tão intrínseca à música quanto uma introdução ou uma coda - mais do que a mera exibição das habilidades do solista.

Habilidade, aliás, é o que não falta ao Gabriel músico - manifesta não apenas em sua criatividade como improvisador como também em sua inteligente distribuição de acordes ao piano e em sua profunda compreensão rítmica do violão como instrumento de acompanhamento, especialmente no samba. E é precisamente aí que reside a generosidade do disco: Gabriel-músico está sempre a serviço do Gabriel-compositor e arranjador, que por sua vez se reporta ao Gabriel-ouvinte. E Gabriel-ouvinte optou por um disco facílimo de ouvir - já nas re-exposições dos temas, é inevitável surpreender-se cantarolando suas melodias - e, por outro lado (supomos), muito difícil de fazer. Pois para além da facilidade com que cada melodia agarra o ouvido, há uma sofisticação formal e harmônica que não se esgota em poucas audições. Ousamos dizer - que não se esgota.

Surpresas, como já se disse, há várias - vozes e cordas quando menos se espera; um frevo que aos poucos vira marcha-rancho; um interlúdio com ecos de Lyle Mays em pleno samba; arranjos de metais de fazer orgulho a Moacir Santos; um violão de 12 cordas e um violino que timbram como uma viola caipira e uma rabeca. Mas é preciso cuidar para que este texto não desmanche prazeres nem futuras surpresas: que se diga apenas, então, que o disco de estréia de Gabriel Santiago é impossível de se ouvir uma vez só.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial