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domingo, 31 de agosto de 2008

Aos que se importam

Domingo pé de cachimbo em Edmeston e estamos nos preparando para ir a um churrasco em outra megalópole vizinha.

Só vim a conhecer meu sobrinho hoje, e descobri maravilhada que ele tem bochechas muito maiores e mais polpudas do que eu imaginava pelas fotos.

Haveria histórias para contar da road trip - a mulher que não queria aceitar nossos passaportes, o comportamento exemplar de Oliver, o pinto dele que melhorou, a Billie Holiday que me salvou.

E em vez de contar história, só tenho vontade de dizer que ontem finalmente chorei e vomitei.

Foi diferente porque já chorei por muita coisa na vida, mas nunca por uma cidade. Percebi que sempre chorei por pessoas. A mãe que morreu, o namorado que abandonou, o professor que ficou de mal. Tem também os choros bons, de filmes catárticos e músicas que iluminam. Choro de filme também pode ser ruim, mas sempre é o choro pela história de alguma pessoa do filme. É: na verdade, nunca chorei por coisa nenhuma. Só por gente.

Já o choro de ontem, foi o choro do significante. Porque foi um choro pela estrutura mesmo. Ninguém vai morrer disso. Desta vez, todos evacuamos.

Só que a cidade - né, sei lá.

E não me conformo que ninguém saiba. Eu achei que a esta hora iria saber precisamente por que pontos o furacão iria passar e exatamente quais casas iria destelhar - e, principalmente, se os diques agüentariam o tranco ou não.

E como tudo na vida, a gente só sabe o que vai acontecer depois do acontecido. Elementar, cara Camila. Princípios básicos da existência: instabilidade, imprevisibilidade, efemeridade...

Desamparo, Heidegger que me desculpe, não necessariamente. Estou cercada por pessoas que me amam - e, o mais incrível, acabei de me descobrir amando uma pessoa nova. Que, aos 7 meses de idade, já está abrigando uma refugiada de furacão. Vai pro céu esse menino.

Ah sim. Além do choro e do vômito, tem uma outra coisa que eu precisava urgentemente falar:

Dirigindo pelo Estado-Unidão, dormindo em motel barato e conhecendo novas estações Greyhound, foi inevitável lembrar da minha vida de uns cinco, seis anos atrás.

E que ufa. Ufa! Porque esta, esta é a minha vida. Com furacão, vômito e tudo. Mas é tudo meu, só meu. Não estou vivendo a vida de outra pessoa. Aqui sou eu. Somos nós.

(Fim do momento mensagem-cifrada que só os chegados entenderam.)

É isso. Torçamos.

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