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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

E-mail pra Bel

Acabo de escrever um e-mail para a Bel que de repente percebi que queria que outras pessoas lessem. Espero que ela não se importe em vê-lo publicado aqui - se bem a conheço, e penso que a conheço razoavelmente bem, acho que não irá se importar, até porque já fiz coisas bem piores para (e com) ela. Tipo limpar banheira e carregar mala de 32kg. Mas essa fase passou. E o mais engraçado é que não vejo a hora de que volte. Tudo o que mais quero é faxinar o meu banheiro em paz, e carregar minha mala de volta para casa a hora em que eu bem entender.

É estranho e sobretudo triste, sair de casa sem saber quando se irá voltar.

***

Oi querida,

Desculpa ter demorado a responder o teu e-mail, tá? A meia hora que passei hoje na internet foi para ler sobre o Gustav e escrever aquele textinho no blog. É engraçado como a vontade de escrever para o mundo - para todos e ninguém ao mesmo tempo - às vezes ultrapassa tudo... Mas cá estou, novamente prestes a dormir e com tempo para escrever.

Estou feliz que o Gustav chega amanhã. Sério - assim ele faz o que tem que fazer e todo mundo já fica sabendo o que ele destruiu e o que não. Por mim, ele chegava lá agora, neste minuto - nada é pior do que esta agonia do não-saber. Quer dizer - claro que pode ser pior. Tudo pode, sempre. Li seu e-mail e foi assim como saber que o Brasil ganhou a Copa do Mundo e não poder comemorar (ainda estou cansada demais para pensar num final apropriado para a metáfora). Porque são tão maravilhosas as novidades - imagina, sua mãe vindo me visitar NO MÊS QUE VEM! Você e minha família toda aqui comigo NO NATAL!!! E todavia não posso comemorar. Preciso ficar blasé, porque não se sabe o que será da cidade (e eu odeio gente blasé). Pode ser que, tudo isso, não. Nada de Natal nem de mês que vem. Então pelo menos amanhã eu saberei. Se e o que eu posso comemorar; se e o que eu preciso lamentar.

Uma coisa é certa: Tulane já decretou que as aulas só serão retomadas segunda que vem - o que, independentemente do que aconteça, achei ótimo. Não estava a fim de viajar tudo de volta logo na terça. Fora que, aqui, a cada segundo fico emocionada - com as coisas mais simples, que costumam ser as mais emocionantes mesmo. Por exemplo. Eu percebi que nunca havia ficado com a Cintia e o Mauro em casa. Sempre encontrei com eles em restaurantes. Então Edmeston é igualzinho a estar em Campos com a Cintia - só que tem o Mauro!

Eu falei pra Cintia. Que a coisa que eu acho linda no Mauro é que ele é um homem que resolve. Que decide e faz coisas. Tudo pode até dar errado no final, mas é batata que ele tentou fazer alguma coisa antes. Não sei se está muito vago isso. O fundamental é que ele é um homem que não foge de tomar decisões. Eu acho tão raro isso, e tão lindo e emocionante. O cerne da emoção é o seguinte: a Cintia é uma mulher que, também ela, resolve. E já ouvi demais de muita gente que mulher que resolve intimida os homens, afasta, só atrai homem bobinho e criancinha. E de repente estou aqui com este casal em que a mulher não precisa ser uma tonta para ter com ela um homem que resolva as coisas. Acho a Cintia tão parecida comigo, em tantos aspectos - é, no fundo eu não me acho tonta. E observar de camarote todas as realizações mais recentes dela me faz pensar nas possibilidades que eu tenho para a minha vida. Porque se a Cintia consegue ser a mãe que ela é, e cozinhando todos os dias, e com um marido que a ama - isso me faz pensar que talvez eu possa, um dia, ser assim também. Parecida. Não que eu queira, necessariamente. Eu sei que vou adorar se um dia acontecer de eu querer casar com alguém que queira se casar comigo também. Isso eu sei. O resto, não. Sei lá se vou querer cozinhar todo dia, e muito menos se vou querer uma criança sob minha responsabilidade. Mas não importa: o que eu acho maravilhoso é pensar que, de repente, essas são possibilidades até que viáveis, não-estratosféricas. Estando com ela, ampliou-se o leque de idéias do que um dia pode vir a ser a minha vida.

E a Cintia, você sabe. Hoje ela fez um bolo de chocolate. Lembrei da Lu. Eu fico toda derretida quando alguém cozinha alguma coisa meio que para mim. Delícia de bolo. Ainda tem pra amanhã.

E o Max - o Max você não sabe. Hoje quase chorei. Tudo bem, estou sensível; que seja. Uma hora eu estava segurando a mamadeira para ele. Bel, é muito engraçado como ele se limpa. Ele larga da mamadeira, pega o paninho, esfrega todo em volta da boca e tchã-nans - não sobra uma gota de leite na cara pra contar história. Tudo isso sozinho. Aí ele volta a mamar. (Ok, essa foi a parte em que eu ri muito, nada de choro.)

Mas aí ele foi ficando meio vesguinho. Com os olhinhos pequenos. E as sucções num ritmo cada vez mais lento. Até que dormiu.

Nessa hora eu quase, quase chorei. Pensa: você alimenta uma pessoa que, depois e parcialmente em função disso, dorme. É muito. É demais.

Ele é lindo demais, Bel.

E dá trabalho demais também. Outra coisa que já me emociona e impressiona: a disponibilidade desses dois. Eu não sei se um dia vou ter filho, mas tenho a mais total e tranqüila certeza de que nunca, nunca terei um filho se for para criá-lo sozinha. E não porque eu ache que uma criança precisa de um pai e uma mãe para que sua personalidade se desenvolva de forma a que blá, blá blá e blá. É só que, para mim, uma criança é trabalho demais para uma pessoa só. Principalmente se essa pessoa for eu.

Ok. Vou ficando por aqui. Mas antes - obrigada, viu. Por se preocupar. Por falar com a Eulália. Por encontrar as minhas tias.

Eu quero comemorar o hexacampeonato... Eu quero, eu mereço, ele está aí, ele é meu.

Amanhã conversamos ao telefone.

Beijos,

Cami

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