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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A idéia era ir até o banco

Que fica praticamente na esquina de casa. Então eu fui. Só que eu fui que fui. Passei banco, mercado, posto, locadora, padaria e quando vi, já estava quase em outro bairro.

Dei meia-volta agradecendo aos céus que a Bel, uma pessoa boa, altruísta e equilibrada, estará comigo nos primeiros dias de New Orleans fazendo o meu AT*.

Pois nunca estive tão concreta: gravar disquinho, tomar vacina, arrumar mala; um, dois, feijão com arroz. É o máximo a que meu pensamento chega. Lembra um pouco a angústia pré-vestibular de anos atrás. Fiz dois vestibulares na vida e, nas duas vezes, sofri de uma angústia que se manifestou em duas fases. Primeiramente, indo para a escola onde eu faria a prova, o medo era de ter esquecido o RG. Eu desenvolvia, assim, um TOC momentâneo, conferindo a cada 2 minutos se ele estava mesmo na bolsa. Pior: eu tinha certeza de que, mesmo se o RG estivesse lá, não ia adiantar, pois ele não seria aceito por algum motivo estroboscópico qualquer. Quando enfim eu entrava na sala, acabava o problema do RG e sobrevinha a angústia pré-prova: "sua idiota, o que você ficou fazendo esses meses todos que não estudou direito e só jogou paciência?" E eu virava uma Socratinha - só sabia que nada sabia, e me doía o estômago.

Até a prova chegar. Quando o tomador-de-conta da sala finalmente nos permitia abrir a prova e sentar o pau na máquina, eu me divertia muito. Pulava as questões de física e química, que ninguém é de ferro, gabaritava em português e inglês, que algum talento se há de ter, e me virava em todo o resto. Nas duas vezes, fiz o suficiente para passar.

Até aqui, a coisa vem se repetindo. A fase do RG foi na época do visto. Eu tinha certeza de que o entrevistador encontraria algum problema na minha documentação e não me concederia visto algum. Só que a viagem da minha casa até a escola durava quinze minutos. O processo de obtenção do visto, mais de mês.

E agora estou na fase recriminatória. Mais uma vez, a culpa de tudo é a paciência. Quem mandou ficar jogando paciência em vez de... De... Bom, desta vez não sei o que eu poderia ter feito em vez de jogar paciência, mas não é esse o ponto. O ponto é o medo. Enquanto não vejo a prova aberta na minha frente.

Até lá, estou aceitando voluntários para revezar o Acompanhamento Terapêutico com a Bel.

E, chegando lá, espero me divertir com a prova.


*O Acompanhamento Terapêutico, para quem não sabe, é uma modalidade de atendimento psicológico que ultrapassa as paredes do consultório, podendo se realizar na casa do paciente, em instituições ou espaços públicos.

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