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sábado, 12 de abril de 2008

Inibições e deslocamentos

Primeiro o grande amor da minha vida me rejeitou.

Depois, o amigo a que sempre recorro nessas horas desta vez veio com uma história de que está namorando.

Agora, a room-mate do Alex vetou minha candidatura ao quarto vago da casa com incrível veemência.

O bom de o grande amor da sua vida te rejeitar é que nada mais te atinge. A coisa do amigo e da room-mate não me abalaram por mais do que dois minutos cada. Criancinhas passando fome na África, então? Bah - elas não sabem nada da vida, não sabem o que é sofrer.

O ruim de o grande amor da sua vida te rejeitar é que nada mais te atinge. Na verdade, nunca me importei muito com as criancinhas da África - meu intelecto não é desenvolvido a ponto de eu me deixar afetar por aquilo que não entra pelos sentidos - mas sempre me perturbei enormemente com as crianças e adultos habitantes das ruas aqui de São Paulo mesmo.

Esta semana perturbei-me com minha falta de perturbação. Contornei um mendigo numa praça como quem contorna um saco de lixo.

Eu não gosto de achar que as pessoas são contêineres de lixo incapazes de sofrimento.

Eu não gosto de sentir uma raiva desproporcional de meus jovens e imaturos coleguinhas do curso de espanhol.

Eu não gosto de sentir tanto ódio e indiferença por tanta gente tão sem relação com a minha vida - e não sentir ódio algum por aquele que disparou esse ódio todo em mim.

Sentir, pelo contrário, um amor que podia muito bem durar muito tempo.

Não vejo a hora de poder depositar toda a minha raiva em quem lhe é de direito. Para depois esquecer.

Impossível esquecer o que não se viveu.

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