Meus problemas com o atual Pat Metheny Trio
Chegou o momento de meu "opinionado" texto sobre o atual PM Trio - que ouvi pela sexta vez há exatos vinte dias - vir à luz.
Claro que gostei. É o Pat, pô - ele vai ter que se esforçar muito para voltar a gravar alguma coisa que eu claramente desaprove.
Mas gostar de um show do Pat, para mim, é muito esquisito. Gostar, eu gosto de sucrilhos, de Friends, de desfiles de moda. Tudo muito bom, muito bonito e bem feito - mas nada que provoque uma profunda imersão de meu corpo em outro universo. Sabe, eu sou eu e o sucrilhos é o sucrilhos - bacana, mas nossa relação parou ali. Com os discos e shows do Pat, nunca foi assim: estou acostumada a sentir meu corpo inteiro se transformando em música.
Não desta vez - e, a bem da verdade, também não da outra vez que vi este trio, em 2003. Só que, cinco anos atrás, tratava-se de uma banda ainda em processo de formação: o repertório ainda não estava bem definido, o Pat ainda estava aprendendo a compor para Christian e Antonio - e, principalmente, o Pat ainda estava lutando para aprender a tocar as músicas que ele próprio compunha. Existe um fascínio intrínseco à gestação e ao parto: minha emoção, naqueles dias, tinha mais a ver com isso do que com um prazer musical propriamente.
Hoje, a banda está grande, com RG, CPF e carteira de vacinação. Está redondinha; está no auge.
Ela cresceu - e fez um show-sucrilhos.
O que é bastante curioso, considerando-se que, no papel, esta banda teria tudo para me emocionar mais do que muitas outras bandas em que o Pat já tocou.
Este texto procura descrever o porquê de o sucrilhos ter prevalecido.
***
Quero primeiro dizer de onde parto: da convicção de que Christian e Antonio estão entre os melhores músicos de todas as bandas regulares do Pat. Certamente, muito melhores que Larry Grenadier e Bill Stewart.
No que ouço vozes se levantando e sinto um calor de tochas se erguendo, num clamor indignado: como assim, melhores? Melhores em que, por que, pra quem?
Sinceramente, não entendo por que as pessoas têm tantos pudores em usar termos comparativos (quantitativos, então, nem se fale) quando se trata de música. A esse pudor, costumo responder com o seguinte: se não posso afirmar que o baterista A é melhor que o baterista B, então você também não pode dizer que o Keith Jarrett é melhor pianista do que eu. Somos todos iguais - todos politicamente corretos - e todos, efetivamente, falsos. Hipocritamente falsos.
Melhor, para mim, significa o seguinte: que o músico dispõe de mais recursos. Rítmicos, harmônicos e melódicos; técnicos, dinâmicos e timbrísticos (os aspectos "físicos" - fluidez, volume e textura - do som contam demais aqui para estes ouvidos).
Conheço bem pouco dessas coisas todas. O pouco que conheço às vezes me permite apontar em quais aspectos determinado músico é especialmente hábil; freqüentemente, nem isso. No caso dos baixistas e bateristas do PM Trio, algumas qualidades objetivas parecem-me patentes. Ritmicamente, por exemplo, Chrsitian e Antonio transitam por áreas de cuja existência os demais músicos deste planeta nem desconfiam; além disso, o Antonio é dotado de um senso dinâmico que o permite tocar bossa nova e rock pesado com igual autoridade.
Muitos outros comentários desse tipo - e, aliás, mais bem desenvolvidos - poderiam ser traçados sobre cada um dos músicos do trio (não por mim, é claro; algum músico bem-articulado teria de fazê-lo). O mesmo se poderia fazer com a música em si, naturalmente - análises não só das composições como também de sua transposição para o mundo do ao vivo.
Não é isso, porém, o que me move e interessa especialmente - pelo menos, não neste texto.
Interessam-me a mágica e o mistério: a maluca realidade de que as habilidades do músico (espero que eu me tenha feito entender quanto a isso: por habilidade, não estou me referindo àquela de tocar Brasileirinho a duzentos por hora, de trás pra frente e com um pé amarrado nas costas) não garantem nada.
Não garantem a produção de uma música que, naquele espaço intermediário entre o objetivo e o subjetivo, possa me arrebatar.
É precisamente neste ponto que falar em melhor ou pior - aí sim, concordo com a opinião geral - perde completamente o sentido.
Porque talvez, objetivamente, a música deste Pat Metheny Trio seja superior à produzida por meu trio favorito, com Larry e Bill. Consigo até visualizar uma tese de doutorado que defenda este argumento*.
Mas, se considerarmos a área intermediária da experiência - aquela onde se dá a recepção da obra - o PM trio anterior faz alguma coisa que este atual não faz.
Aliás, a "coisa" talvez seja só isso: Pat Metheny, Larry Grenadier e Bill Stewart tocando Question & Answer - ou quase qualquer outra que eles tocavam - criam esta área intermediária da experiência em mim.
O trio atual, com todos os recursos de que dispõe, não.
***
O que se passa, então, que o trio atual não me diz quase nada, ou muito pouco?
Lembro-me da folclórica história do empreendimento que faliu por excesso de sucesso. Aconteceu mais ou menos assim: era uma vez uma loja no shopping que fazia tanto sucesso, que as pessoas faziam fila do lado de fora para poder entrar. Acontece que o contrato do aluguel previa o pagamento de toda e qualquer área utilizada pela loja em questão. Ou seja: quanto maior o sucesso, maior a fila; quanto maior a fila; maior o valor do aluguel. Resultado: a loja faliu.
A história pode até ter sido inventada, mas a metáfora é ótima. Para mim, o atual PM trio peca por excesso de criatividade. É muita coisa acontecendo, simultaneamente, o tempo todo.
A começar pelas composições. O Pat definitivamente não nasceu para escrever composições complicadas. Não dá - não gosto. Principalmente quando aquelas melodias extremamente up-tempo são dobradas com o baixo - e, on top of all that, pela bateria também. É muita informação, por demais condensada e compactada. Tipo a reportagem da Veja que se propõe a dar conta do problema do mal em suas dimensões filosófica, política, religiosa e psicológica. Obviamente, a Veja não faz nada disso, coitada - mas suponhamos, a título de comparação, que fizesse. Imaginemos uma reportagem que em oito páginas efetivamente resolvesse o problema (filosófico, religioso etc.) do mal. Pois é isso o que faz esta banda: em oito minutos, dá conta de tudo o que um trio de jazz pode fazer. Nada demais nisso - só que eu, sinceramente, prefiro me dedicar aos grandes problemas filosóficos da humanidade ao longo de oito volumes. E aos grandes atrativos da música em pelo menos 80 minutos.
Nesse trio, falta espaço. O show foi me causando uma progressiva sensação de sufocamento e um lânguido desejo de silêncio - desejo este que foi contemplado, paradoxalmente, nos solos de baixo e bateria. Por quê? Porque o Pat é o mestre dos espaços. Assim, quando o Christian solava, o Pat encaixava a notinha e o acorde perfeitos - aqui e ali, uma vez ou outra por chorus, nos momentos ideais. Sons que só faziam sublinhar o que o Christian estava criando. Um bom exemplo disso esteve num blues reminisciente de Soul Cowboy, que teve um solo de baixo extremamente bem construído, começando por um walking bass pra lá de tradicional que aos poucos foi se libertando de suas amarras rítmicas e se imiscuindo por melodias cada vez mais interessantes.
Fico imaginando como este mesmo solo teria soado se, em vez das notinhas esparsas, o Pat tivesse tocado quatro acordes por compasso.
Era mais ou menos isso o que acontecia toda vez que o Pat solava. Baixo e bateria praticamente solavam junto. E aí ficava difícil prestar atenção no Pat. Sorry, mas meu cérebro precisa de espaço para pensar, para processar. Coisa que Christian e Antonio não me proporcionavam de jeito nenhum.
O melhor exemplo disso esteve em The Bat, balada antiga recentemente regravada no Trio Live. Na versão de vinte dias atrás, meu desejo sincero era de colocar o rosto do Antonio entre as duas mãos e dizer: "Guapo, escolha UM prato dentre os cinqüenta que você tem e mantenha-se nele até o final, por favor!". Que saudade do Paul Motian - que saudade de uma condução simplesinha, sem outros cinqüenta pratos acontecendo ao mesmo tempo.
(Vejam bem: quando os cinqüenta pratos aconteciam nos solos do Antonio, era lindo - porque era só ele, ele e a música. A grande graça desses solos, para mim, é ficar sacando a relação do que ele está fazendo com a composição original. E ele sempre acrescenta à minha percepção da música - sempre. Já estou com saudade de ouvir esses solos se formando em tempo real.)
Em When We Were Free, a Question & Answer da vez (exatamente o mesmo arranjo, só muda a música), o mesmo problema: faltou groove - alguma bóinha que eu pudesse agarrar em meio à tempestade no oceano. (Se bem que sou obrigada a admitir: bem no finzinho dela, a geléia geral fez todo o sentido para mim. Raríssimo momento.)
Acabou que as únicas três coisas que adorei mesmo, com todo o meu corpo, foram as seguintes...
Os violões do começo do show. Eu não sei como é que eles conseguem fabricar aquele timbre. Das músicas em si, nem lembro: o som é tão inebriante que as deixa em segundo plano.
A balada para New Orleans - violão lindinho e finalmente um steady beat no terceiro tempo.
E, disparado o melhor momento musical da viagem inteira - Lone Jack. O Antonio nasceu para tocar essa música - um samba que não é bem samba, mas que também não é bem jazz. E o Christian tocando bem suingado e bem normalzinho foi fantástico. Ninguém atropelou ninguém e todos saíram vivos e felizes no final.
Principalmente eu, que finalmente pude viver um fenômeno transicional...
*Merleau-Ponty à parte, é possível analisar um objeto à distância - desde que se saiba que esta distância parte de um ponto determinado. Coloquei o Merlô na roda só para que saibam que não tenho uma visão muito ingênua da objetividade; sei da impossibilidade do sobrevôo, da impossibilidade de fugir do próprio ponto de vista. Mas sei também da riqueza intrínseca a esse exercício de distanciamento do objeto.
Claro que gostei. É o Pat, pô - ele vai ter que se esforçar muito para voltar a gravar alguma coisa que eu claramente desaprove.
Mas gostar de um show do Pat, para mim, é muito esquisito. Gostar, eu gosto de sucrilhos, de Friends, de desfiles de moda. Tudo muito bom, muito bonito e bem feito - mas nada que provoque uma profunda imersão de meu corpo em outro universo. Sabe, eu sou eu e o sucrilhos é o sucrilhos - bacana, mas nossa relação parou ali. Com os discos e shows do Pat, nunca foi assim: estou acostumada a sentir meu corpo inteiro se transformando em música.
Não desta vez - e, a bem da verdade, também não da outra vez que vi este trio, em 2003. Só que, cinco anos atrás, tratava-se de uma banda ainda em processo de formação: o repertório ainda não estava bem definido, o Pat ainda estava aprendendo a compor para Christian e Antonio - e, principalmente, o Pat ainda estava lutando para aprender a tocar as músicas que ele próprio compunha. Existe um fascínio intrínseco à gestação e ao parto: minha emoção, naqueles dias, tinha mais a ver com isso do que com um prazer musical propriamente.
Hoje, a banda está grande, com RG, CPF e carteira de vacinação. Está redondinha; está no auge.
Ela cresceu - e fez um show-sucrilhos.
O que é bastante curioso, considerando-se que, no papel, esta banda teria tudo para me emocionar mais do que muitas outras bandas em que o Pat já tocou.
Este texto procura descrever o porquê de o sucrilhos ter prevalecido.
***
Quero primeiro dizer de onde parto: da convicção de que Christian e Antonio estão entre os melhores músicos de todas as bandas regulares do Pat. Certamente, muito melhores que Larry Grenadier e Bill Stewart.
No que ouço vozes se levantando e sinto um calor de tochas se erguendo, num clamor indignado: como assim, melhores? Melhores em que, por que, pra quem?
Sinceramente, não entendo por que as pessoas têm tantos pudores em usar termos comparativos (quantitativos, então, nem se fale) quando se trata de música. A esse pudor, costumo responder com o seguinte: se não posso afirmar que o baterista A é melhor que o baterista B, então você também não pode dizer que o Keith Jarrett é melhor pianista do que eu. Somos todos iguais - todos politicamente corretos - e todos, efetivamente, falsos. Hipocritamente falsos.
Melhor, para mim, significa o seguinte: que o músico dispõe de mais recursos. Rítmicos, harmônicos e melódicos; técnicos, dinâmicos e timbrísticos (os aspectos "físicos" - fluidez, volume e textura - do som contam demais aqui para estes ouvidos).
Conheço bem pouco dessas coisas todas. O pouco que conheço às vezes me permite apontar em quais aspectos determinado músico é especialmente hábil; freqüentemente, nem isso. No caso dos baixistas e bateristas do PM Trio, algumas qualidades objetivas parecem-me patentes. Ritmicamente, por exemplo, Chrsitian e Antonio transitam por áreas de cuja existência os demais músicos deste planeta nem desconfiam; além disso, o Antonio é dotado de um senso dinâmico que o permite tocar bossa nova e rock pesado com igual autoridade.
Muitos outros comentários desse tipo - e, aliás, mais bem desenvolvidos - poderiam ser traçados sobre cada um dos músicos do trio (não por mim, é claro; algum músico bem-articulado teria de fazê-lo). O mesmo se poderia fazer com a música em si, naturalmente - análises não só das composições como também de sua transposição para o mundo do ao vivo.
Não é isso, porém, o que me move e interessa especialmente - pelo menos, não neste texto.
Interessam-me a mágica e o mistério: a maluca realidade de que as habilidades do músico (espero que eu me tenha feito entender quanto a isso: por habilidade, não estou me referindo àquela de tocar Brasileirinho a duzentos por hora, de trás pra frente e com um pé amarrado nas costas) não garantem nada.
Não garantem a produção de uma música que, naquele espaço intermediário entre o objetivo e o subjetivo, possa me arrebatar.
É precisamente neste ponto que falar em melhor ou pior - aí sim, concordo com a opinião geral - perde completamente o sentido.
Porque talvez, objetivamente, a música deste Pat Metheny Trio seja superior à produzida por meu trio favorito, com Larry e Bill. Consigo até visualizar uma tese de doutorado que defenda este argumento*.
Mas, se considerarmos a área intermediária da experiência - aquela onde se dá a recepção da obra - o PM trio anterior faz alguma coisa que este atual não faz.
Aliás, a "coisa" talvez seja só isso: Pat Metheny, Larry Grenadier e Bill Stewart tocando Question & Answer - ou quase qualquer outra que eles tocavam - criam esta área intermediária da experiência em mim.
O trio atual, com todos os recursos de que dispõe, não.
***
O que se passa, então, que o trio atual não me diz quase nada, ou muito pouco?
Lembro-me da folclórica história do empreendimento que faliu por excesso de sucesso. Aconteceu mais ou menos assim: era uma vez uma loja no shopping que fazia tanto sucesso, que as pessoas faziam fila do lado de fora para poder entrar. Acontece que o contrato do aluguel previa o pagamento de toda e qualquer área utilizada pela loja em questão. Ou seja: quanto maior o sucesso, maior a fila; quanto maior a fila; maior o valor do aluguel. Resultado: a loja faliu.
A história pode até ter sido inventada, mas a metáfora é ótima. Para mim, o atual PM trio peca por excesso de criatividade. É muita coisa acontecendo, simultaneamente, o tempo todo.
A começar pelas composições. O Pat definitivamente não nasceu para escrever composições complicadas. Não dá - não gosto. Principalmente quando aquelas melodias extremamente up-tempo são dobradas com o baixo - e, on top of all that, pela bateria também. É muita informação, por demais condensada e compactada. Tipo a reportagem da Veja que se propõe a dar conta do problema do mal em suas dimensões filosófica, política, religiosa e psicológica. Obviamente, a Veja não faz nada disso, coitada - mas suponhamos, a título de comparação, que fizesse. Imaginemos uma reportagem que em oito páginas efetivamente resolvesse o problema (filosófico, religioso etc.) do mal. Pois é isso o que faz esta banda: em oito minutos, dá conta de tudo o que um trio de jazz pode fazer. Nada demais nisso - só que eu, sinceramente, prefiro me dedicar aos grandes problemas filosóficos da humanidade ao longo de oito volumes. E aos grandes atrativos da música em pelo menos 80 minutos.
Nesse trio, falta espaço. O show foi me causando uma progressiva sensação de sufocamento e um lânguido desejo de silêncio - desejo este que foi contemplado, paradoxalmente, nos solos de baixo e bateria. Por quê? Porque o Pat é o mestre dos espaços. Assim, quando o Christian solava, o Pat encaixava a notinha e o acorde perfeitos - aqui e ali, uma vez ou outra por chorus, nos momentos ideais. Sons que só faziam sublinhar o que o Christian estava criando. Um bom exemplo disso esteve num blues reminisciente de Soul Cowboy, que teve um solo de baixo extremamente bem construído, começando por um walking bass pra lá de tradicional que aos poucos foi se libertando de suas amarras rítmicas e se imiscuindo por melodias cada vez mais interessantes.
Fico imaginando como este mesmo solo teria soado se, em vez das notinhas esparsas, o Pat tivesse tocado quatro acordes por compasso.
Era mais ou menos isso o que acontecia toda vez que o Pat solava. Baixo e bateria praticamente solavam junto. E aí ficava difícil prestar atenção no Pat. Sorry, mas meu cérebro precisa de espaço para pensar, para processar. Coisa que Christian e Antonio não me proporcionavam de jeito nenhum.
O melhor exemplo disso esteve em The Bat, balada antiga recentemente regravada no Trio Live. Na versão de vinte dias atrás, meu desejo sincero era de colocar o rosto do Antonio entre as duas mãos e dizer: "Guapo, escolha UM prato dentre os cinqüenta que você tem e mantenha-se nele até o final, por favor!". Que saudade do Paul Motian - que saudade de uma condução simplesinha, sem outros cinqüenta pratos acontecendo ao mesmo tempo.
(Vejam bem: quando os cinqüenta pratos aconteciam nos solos do Antonio, era lindo - porque era só ele, ele e a música. A grande graça desses solos, para mim, é ficar sacando a relação do que ele está fazendo com a composição original. E ele sempre acrescenta à minha percepção da música - sempre. Já estou com saudade de ouvir esses solos se formando em tempo real.)
Em When We Were Free, a Question & Answer da vez (exatamente o mesmo arranjo, só muda a música), o mesmo problema: faltou groove - alguma bóinha que eu pudesse agarrar em meio à tempestade no oceano. (Se bem que sou obrigada a admitir: bem no finzinho dela, a geléia geral fez todo o sentido para mim. Raríssimo momento.)
Acabou que as únicas três coisas que adorei mesmo, com todo o meu corpo, foram as seguintes...
Os violões do começo do show. Eu não sei como é que eles conseguem fabricar aquele timbre. Das músicas em si, nem lembro: o som é tão inebriante que as deixa em segundo plano.
A balada para New Orleans - violão lindinho e finalmente um steady beat no terceiro tempo.
E, disparado o melhor momento musical da viagem inteira - Lone Jack. O Antonio nasceu para tocar essa música - um samba que não é bem samba, mas que também não é bem jazz. E o Christian tocando bem suingado e bem normalzinho foi fantástico. Ninguém atropelou ninguém e todos saíram vivos e felizes no final.
Principalmente eu, que finalmente pude viver um fenômeno transicional...
*Merleau-Ponty à parte, é possível analisar um objeto à distância - desde que se saiba que esta distância parte de um ponto determinado. Coloquei o Merlô na roda só para que saibam que não tenho uma visão muito ingênua da objetividade; sei da impossibilidade do sobrevôo, da impossibilidade de fugir do próprio ponto de vista. Mas sei também da riqueza intrínseca a esse exercício de distanciamento do objeto.
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