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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O primeiro macaco

Ontem tive mais uma comprovação de que a vida nunca sai como planejamos. Eu, que tinha certeza de que o primeiro grande mico a ser assumido e enfrentado aqui em New Orleans seria meu espanhol risível, sigo firme com meu espanhol risível, mas para o mico não estou nem aí. É claro que falar o espanhol que eu falo, em meio a pessoas que efetivamente o falam, é de um ridículo estrondoso - mas que não tem me incomodado mais. Eu diria que a vantagem deste mico é que, embora ele tenha começado como um micão, sempre há a perspectiva de que, daqui a algum tempo (e não vamos calcular quanto tempo seria, por favor), o mico fodão há de atrofiar até virar um miquinho insignificante.

Pois bem. Espanhol à parte, maravilhem-se com o que me sucedeu ao final da aula do prófi de ontem.

Abro a porta para sair da sala. Que vejo eu, bem à minha frente?

Apenas o inseto com o maior potencial de gerar tremendos micos em minha micada alma.

É, minha gente. Uma barata.

Foi necessário meio segundo de reconhecimento, durante o qual repeti para meu incrédulo self: "não, não é possível". Após este ligeiro delay, bati a porta e corri para o fundo da sala o mais rápido que pude, sentando-me sobre uma mesa e mantendo os pés bem longe do chão. Gritei, fiz careta e esperneei - mas pelo menos não chorei!

Enquanto isso, boa parte das vinte pessoas que estavam na sala me perguntavam se estava tudo bem.

Pergunta mais idiota. É óbvio que não estava. "Uma barata", enfim consegui dizer - em português mesmo, que eu já tinha gasto minha cota diária de espanhol.

Uma vez revelada a causa de minha tão grande aflição, quase todas as vinte pessoas me olhavam como se eu fosse uma retardada mental - o que, em se tratando de baratas, de fato sou.

Entendam por favor o seguinte. Meu medo de baratas é um sintoma sério, e com sintoma não se brinca. Mas, dos sintomas, é o menos pior, pois só preciso lidar com baratas uma vez por ano, ou uma vez a cada dois anos (este ano já detém o recorde absoluto de baratas/ano na minha vida). Se eu tivesse um medo irracional de carros, por exemplo, tudo seria diferente: eu não conseguiria nem sair à rua, e isso limitaria enormemente a minha existência. Eu me sentiria, em uma palavra, obrigada a procurar tratamento.

Aos que vierem receitar antipsicóticos, portanto, que fique registrada a ressalva desde já: o dia em que eu sentir medo de carros ou cavalos, como o pequeno Hans, contrato um psiquiatra. Até lá, porém, prefiro manter a minha casa bem limpinha e dedetizada - melhor remédio para o meu sintoma não há.

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