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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Jazz for Obama

Se Obama conseguir não perder as eleições, os Estados Unidos da América terão, pela primeira vez, um presidente... (negro? por favor, né? alguém achou mesmo que eu seria a quaquigésima pessoa a dizer isso?) que gosta de jazz.

A bem da verdade, é claro que não faço a mínima idéia se ele seria o primeiro primeiro presidente dos EUA que gosta de jazz - sei que seria o primeiro desde que, sei lá, eu nasci. (É importante considerar que nasci já faz um tempinho.) E isso, se não é assunto suficiente para uma tese de doutorado, certamente é assunto de sobra para um post.

Assim, coloquemos o fato em perspectiva: o gosto musical de Obama importa para?... Deixa ver... Ah sim, lembrei: nada. Se gosto musical de político importasse para alguma coisa, eu jamais poderia votar no Lula, nem no décimo quinto turno. Mas não deixa de ser uma curiosidade-de-almanaque interessante, e um alento para quem nos últimos anos presenciou Bush emocionando-se com Alexandre Pires e Clinton tecendo loas a Kenny G. Este é o único ponto, aliás, em que consigo achar Bush melhor que Clinton: pelo menos, o atual presidente não foi hipócrita. Porque convenhamos, você dizer que gosta de jazz e depois mandar um "Kenny G is my favorite musican" é análogo a afirmar que você adora literatura e então citar a Revista Sabrina como a sua obra de referência e adoração máxima. Foi precisamente isso que Bill Clinton fez (com o Kenny G, com a Sabrina não posso dizer).

Sinceramente? Até hoje não sei se essa história do músico favorito foi sincera - afinal, tanta gente gosta do Kenny G, por que não o presidente? - ou se foi apenas mais um dos muitos atos populistas dos Clinton. Porque eu realmente acho muito difícil conceber que uma pessoa que gosta de Joni Mitchell a ponto de batizar a filha com um nome extraído de uma canção da mestra (Chelsea Morning) possa também gostar, ao mesmo tempo, de coisa tão ruim. Felizmente, porém, os seres humanos somos complexos e capazes das maiores e mais interessantes contradições - e somos também narcisistas e ambiciosos e doidos para se portar de modo a agradar a galera. A verdade é que jamais saberemos o que vai no iPod de Clinton, e graças a Deus, porque ninguém precisa de tanta informação.

Bush filho, por sua vez, bateu palminha para o galã latino, e este foi apenas um dos muitos atos deploráveis do seu governo. Mas pelo menos foi um ato condizente com a personalidade dele. Ou alguém acha que aquela emoção toda com o louvável representante da nossa música na Casa Branca (me recuso a linkar, sorry - vejam que neste post só estou linkando para as coisas boas) foi pra fazer uma média com a nación brasileña?

Mas este post é sobre Obama, que recentemente citou Miles, Coltrane e Charlie Parker entre suas preferências e elegeu Stevie Wonder como seu grande herói musical (outra bola dentríssimo). E, principalmente, este post é sobre músicos de jazz se organizando para apoiar Obama. Portanto, se você for um nova-iorquino democrata interessado em jazz - ou conhecer alguma criatura assemelhada a isso - e estiver disposto a investir cem dólares no futuro da nação, risque sua agenda - ou faça campanha para que risquem - na quarta-feira à noite:



O que impressiona é a diversidade e sobretudo a qualidade dos músicos participantes do evento. Vai ver se fizeram coisa parecida há quatro anos. Uma coisa há que se reconhecer: a capacidade obamística de mobilizar as pessoas é realmente fora do comum. Chegou até a este blog. :-)

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