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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Palavras e expressões que abomino

I. Da série relações afetivas

Esposa - Quando eu crescer, não quero ser esposa de ninguém. O que não significa que eu não queira me casar; muito pelo contrário. Mas, no dia em que me casar com um homem, dele serei sua mulher. Pois a esposa carrega em seu próprio nome uma ameaça perene: a amante. O termo "esposa" é o decote que esconde ao mesmo tempo em que insinua a possibilidade da outra. Já a mulher, não tem nada a temer. Por fim - vocês conseguem lembrar algum poema ou letra de Vinícius que fale em esposa? Ele, que foi casado sete vezes, sempre preferiu mulher (com ou sem trocadilho). I rest my case.

Fazer amor - Quem faz amor é o Alexandre Pires ou a Paula Toller, seja com outra pessoa ou de madrugada. Eu não faço essas coisas: eu transo, eu faço sexo. E não por concordar com Rita Lee ou Arnaldo Jabor, mas por uma questão estética mesmo: poucas coisas me são mais repugnantes do que a apologia do sexo meloso. "Fazer um amorzinho gostoso", desculpem-me, é coisa de analfabeto. Das letras e da alma.

A gente vai se falando - Dica para os leitores-amigos deste blog: se algum dia eu lhe disser que "a gente vai se falando", é porque estou de saco cheio de e/ou extremamente brava com você, pois esta é a expressão-símbolo de uma das características mais desprezíveis do homem-cordial: os combinados que não se concretizam, o "passa lá em casa" carioca. A menos que você seja a Bel - a única pessoa com quem realmente "vou falando", constante e regularmente -, esta é uma daquelas expressões que não querem dizer absolutamente nada: afinal, não possuo a mais remota idéia de quando falarei com você de novo. Querendo me acessar, seja específico: diga quando e onde. O porquê freqüentemente não importa.


II. Da série estado-unidenses

Deletar e inicializar (com gerúndio a gosto) - "Senhora, nós vamos estar deletando o arquivo e reinicializando o sistema para que a senhora esteja estando satisfeita com o nosso programa de satisfação garantida ao cliente." Depois me perguntam por que eu faço tradução de textos. Nada mais simples: é para salvar o mundo, ora bolas. Quando evito uma construção recheada de estar-estandos, enche-me o peito uma sensação que imagino semelhante à das freiras que alimentam crianças subnutridas na África.

Delivery, X% off, coffee-break, sale, fashion - adoro usar palavras em inglês nos textos que escrevo. Só não insiro palavras de outros idiomas por pura ignorância. Para mim, trata-se de um recurso expressivo que ajuda a imprimir dramaticidade, comicidade ou ironia ao texto. Incomoda-me quando palavras estrangeiras são utilizadas, de forma mais ou menos explícita, para demarcar uma superioridade de classe que é apenas econômica, de forma alguma cultural.


III. Da série show de horror

Cueca - algumas pessoas exigem que se tirem os sapatos ao entrar em sua casa. Eu faço diferente (calma, não é que eu exija que, ao entrar em minha casa, os homens logo tirem suas - argh! - cuecas): exijo que este vocábulo seja extirpado da língua e substituído por outro, muito mais apropriado ao objeto em questão. Afinal, pensem por um segundo na estrutura da palavra: trata-se da junção do substantivo "cu" com a onomatopéia (?) "eca". Mais uma vez, I rest my case, propondo a substituição de tão medonho termo pelo nome próprio Voldemort - sim, aquele-cujo-nome-não-pode-ser-dito, na saga de Harry Potter. Pois aqui em casa, até o nome de Voldemort tem lugar; c**ca, porém, jamais!

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