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domingo, 4 de novembro de 2007

Idéias, teorias, sentimentos, emoções, piadas, spoilers... LOST em revista, parte 1

Há pouco tive uma tarde repleta de Seinfeld; então, só para não perder o costume, falemos agora sobre LOST. Há tempos que eu vinha querendo escrever um post assim, em tópicos, para ver se organizo melhor as idéias agora que o rewatch da terceira temporada acabou. Portanto, se você não assistiu à terceira temporada - e, principalmente, se não quer spoilers da quarta - AFASTE-SE AGORA!!!

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Para os que não se afastaram (oi Bel, oi Lu!) - namastê!

- Talvez um assunto tão bom quanto qualquer outro para inaugurar esta série de tópicos seja a sensação cuja lembrança irá me acompanhar até a morte, se até a morte eu viver: o assombro - a tal da cambalhota anímica! - ao ver Kate saindo do carro, naquela cena que vocês sabem.

- Sobre esta cena, algumas considerações:

- quando Jack fala em voltar, creio que se trata de uma volta tanto no espaço quanto no tempo;

- outra sugestão interessante, feita pela Bel, é que a tal volta pode se referir tanto à ilha (o que manifestamente é dito) quanto ao relacionamento dele com Kate. Ou seja, a volta seria no espaço e no tempo, e nas esferas individual e coletiva;

- será que a Kate agora só anda maquilada e de cabelo escovado? Este é um dos verdadeiros mistérios do final da terceira temporada, que não vi ser discutido tanto quanto deveria;

- não acho que o homem a que ela se refere - que está esperando por ela - seja necessariamente Sawyer, como todos foram rápidos em concluir. E se for o filho dela com Sawyer? Hmm...;

- com relação ao triângulo, não sou tanto uma Skater quanto uma anti-Jater. Pensem: Jack e Kate juntos, fora da ilha, durante o jantar. O que eles têm em comum? O que teriam para conversar?? Com Sawyer, pelo menos, haveria um assunto: "olá, querido, como foi seu dia hoje? Aplicou muitos golpes?" "Oh, sim, e os seus golpes, como foram?". Algo nessa linha.

- LOST usa exatamente a mesma fórmula de Alias, e fui ludibriada exatamente do mesmo jeito. Sinto-me como o zagueiro que sabia que Garrincha driblaria para a direita, e caía no drible mesmo assim. O drible, no caso, é que em Alias éramos levados a crer que o seriado acabaria com o fim da organização terrorista SD-6 - o que esperaríamos ocorrer no último episódio da série. Mas SD-6 acaba muito antes disso, e descobrimos que o terrorismo vai muito além de uma organização fundo-de-quintal de Los Angeles. O mesmo se dá em LOST: por mais que os produtores dissessem que o programa não é um Survivor, que o termo "lost" deve ser compreendido num sentido mais amplo, pois refere-se a como os personagens estão perdidos em suas vidas and all that crap (desculpem, influência de Seinfeld) - ainda assim, eu achava que no último episódio veríamos o resgate dos sobreviventes e sua saída da ilha. Mas a ilha - ou melhor, a saída dela - é equivalente à destruição do SD-6, isto é, trata-se de um problema marginal. Acho até bem possível que uma das próximas temporadas se passe inteiramente fora da ilha, o que não quer dizer que esta em algum momento deixará de representar a principal personagem da série.

- Ainda sobre Alias. Para o meu gosto, a explicação que o final desta série mais deixou a desejar foi aquela referente às profecias de Rambaldi - por que Sidney estava nelas etc. O discurso de que "algumas coisas permanecerão um mistério porque a vida também é assim, não há resposta para tudo" não me convence. Meu medo em relação a LOST é duplo: estou cética com relação às explicações que eles poderão oferecer sobre os cruzamentos entre os personagens e também sobre a presença dos números em suas vidas. Com relação a estes, meu medo é menor; acho que eles ainda têm espaço para desenvolver uma resposta que me satisfaça - até porque a Lost Experience já nos revelou que 4 8 15 16 23 42 são fatores da Equação Valenzetti, que prevê exatamente a data da extinção da humanidade - mas, com relação aos cruzamentos, uma saída convincente fica cada vez mais inverossímil. O final da segunda temporada apontava para a possibilidade de que a queda do avião tivesse sido causada pela falha de Desmond em inserir o código a tempo; isso não apenas veio a ser confirmado na terceira temporada, como também ficamos sabendo que os Outros de forma alguma estavam esperando pela queda. Portanto, fica afastada a hipótese de um recrutamento dos viajantes para aquele vôo específico que estava destinado a cair. A não ser que a mão de Jacob esteja por trás de tudo isso... Mas esta é uma teoria da conspiração por demais ambiciosa para que eu me sinta confortável em abraçá-la - até porque nem fazemos idéia precisa sobre a natureza de Jacob. Descartada a influência de Jacob, assim, sobra o meu receio de que a teoria dos seis graus de separação explique tudo.

- Momento mais seinfeldiano da terceira temporada: a discussão de Charlie e Hurley sobre os poderes de Superman e The Flash.

- Os Outros devem fazer um estrago danado quando vão a uma papelaria. Não deve sobrar nada na loja, tamanha a necessidade deles de pastinhas, papel sulfite, grampos, clipes e tinta de impressora para elaborar todos aqueles relatórios (esta foi uma perspicaz observação da Lu).

- O Rodrigo Santoro fica até bem comunzinho se comparado ao Josh Holloway, mais impressionantemente bonito a cada episódio.

- As primeiras participações de Rodrigo Santoro na série evocavam-me uma única emoção, adequadamente traduzida pelo grito "volta pra novela!"; a esta emoção, porém, adicionaram-se muitas e mais complexas outras, por ocasião do episódio Exposé, um dos melhores da temporada.

- Não entendo nada de teatro, cinema ou atuação, mas digo sem medo de errar: Michael Emerson e Elizabeth Mitchell são gênios. Só o olhar de despeito estampado em Ben quando ele percebe que Jacob realmente comunicou-se com Locke vale por todas as atuações da vida do, hmm, sei lá, Cigano Ígor. Já a personagem de Mitchell é construída com tamanha sutileza e profundidade ao longo desta temporada que cada um de seus olhares convida a uma ressignificação quando tomados a posteriori. Ben e Juliet, os dois grandes personagens desta temporada, certamente.

(Mais devaneios amanhã, ou depois...)

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