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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A camiseta mais feia do mundo

Eu achei que já tivesse visto muita coisa feia neste mundo. Mas eis que uma simples noite num shopping me mostra que existem mais coisas entre o terceiro subsolo e a praça de alimentação do que se possa imaginar.

Não pensem que escrevo este pequeno texto como arauto (qual o feminino de arauto, arauta?) da moda e da beleza. Não: eu mesma só me visto bem uns 3 ou 4 dias na semana (melhorei muito, antes minhas preocupações estéticas eram apenas quinzenais). Não tenho o bom gosto nem a paciência necessários para combinar o sapato com a bolsa todos os dias. Dependendo do compromisso, saio de casa como quem vai fazer as compras do mês no Bergamini - excluindo-se desta comparação, é claro, a minha querida avó, que não desce do scarpin nem quando sai para comprar dois galões de cândida e cinco quilos de feijão.

Era esse o meu caso ontem. Vestia eu uma roupinha de briga qualquer, o pensamento vagando por assuntos nem ao menos remotamente relacionados ao mundo fashion, quando de repente...

De repente vejo uma mulher rechonchudinha, com as suas 40 primaveras de vida, vestindo uma camiseta com estampa de oncinha.

Bom - até aí, tudo médio. Não que a visão de uma senhora roliça espremida numa justíssima camiseta de oncinha seja exatamente a minha concepção de paraíso, mas vá lá.

O problema é que a camiseta não parava aí.

Bem no centro da dita cuja, na altura do peito, pairava o rosto de uma das meninas superpoderosas - a de cabelos escuros, a Docinho.

E não só isso: a imagem brilhava. Brilhava e cintilava, resplandecia em toda a sua riqueza de cores. A superpoderosa em questão (a menina, não a mulher) possui os olhos verdes e os cabelos negros, o que tornava a sua imagem na camiseta irremediavelmente semelhante a uma mosca varejeira. Uma mosca prestes a ser devorada por uma onça.

Por que, meu Deus, por que alguém teria interesse em vestir o próprio corpo com uma onça que se alimenta de varejeiras?

A humanidade jamais deixará de me fascinar.

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