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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A boa televisão ruim

Uma mocinha que nem é tão bonita assim, porém alta e magra como jamais nos será permitido ser, abre um envelope e proclama numa voz alta e magra como seu corpo - isto é, estridente e agudinha:

"Tyra mail!!!"

Meia dúzia de outras mocinhas igualmente nem-tão-bonitas e igualmente distantes da nossa realidade de cinco-ou-dez-quilos-a-menos-que-o-número-de-centímetros-da-nossa-altura correm em direção à mocinha inicial, emitindo ruídos ainda mais agudinhos, saltitando como bambis e revirando os olhinhos.

***

(Corta para a versão brasileira do programa.)

***

Uma mocinha nem tão bonita etc. arrasta-se em direção a um envelope e proclama numa imitação bastante competente do Dinho do Mamonas Assassinas - quando ele dizia "atenção, rezedéqui!" - ou talvez do Porteiro Zé, pois o falso sotaque nordestino é tocante:

"Venha, mulérada, que chegou carrrrta da Fêêêê..."

Meia dúzia de mocinhas etc. etc. espreguiçam-se, bocejam, levantam do sofá e dirigem-se sem pressa alguma à modelo-Dinho.

***

A maior fraqueza de Brazil's Next Top Model, uma apresentadora (mais uma vez) nem tão bonita e com a mesma familiaridade com a língua portuguesa exibida por Luciana Gimenez, acaba sendo sua maior força: o pouco caso exibido pelas participantes com qualquer coisa que venha dela faz com que a edição brasileira do America's Next Top Model pareça uma sátira do Casseta & Planeta ao modelo americano.

A maior diversão de ambos os programas: assistir a tudo isso comendo o cheesecake de goiaba da minha avó. Nem tão bonita, nem tão magra e nem tão alta, pois - que eu fique, ao menos, muitíssimo bem alimentada.

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