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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Uma experiência antropológica

No térreo, as moças. Todas morenas de cabelos loiríssimos, magras, peitudas e de formas graciosas. Movendo-se freneticamente em aparelhos cujo nome não me arrisco a pronunciar, manejando apetrechos pesados e curiosos, contorcendo-se em posições cuja funcionalidade me escapa.

Eu até deveria, mas não me sinto intimidada por elas. As instrutoras, especialmente, são simpáticas. Sorriem para mim, sempre.

Desço ao subsolo e adentro um outro universo.

Ali é o território das mulheres que, animadas, conversam sobre os filhos, netos e grupos de oração da igreja. Receitas, maridos e planos de saúde. Noras e mais noras e conselhos íntimos.

Eu até deveria, mas não me sinto deslocada entre elas. Pergunto sobre seus netos e algumas me chamam de filha.

No térreo, uma sensualidade estranha, exibida à exaustão mas nunca pronunciada, dita. No subsolo, um salão de bingo, mesmo que sem as cartelas e os feijões.

Faço natação num horário em que a academia é dominada por esses dois grupos sociais. Eu, como única jovem não-loira do local, sinto que minha presença branca e morena contornada por um vestidinho Vila Madalena destaca-se em meio às belas jovens que travam um incessante combate às calorias inexistentes e às senhorinhas em busca de algum condicionamento físico e de uma vida social.

Não sou loira nem peituda, nem gosto de bingo nem tenho netos. Se no colegial eu me achava outsider, imagina agora.

Curiosamente, porém, não é o que acontece.

Tenho uma gostosona e uma velhinha morando dentro de mim.

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