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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Vestidos em NY: momento mulherzinha

O bom de ir pra Nova York é que de repente você se vê atolada em problemas que nem sabia que tinha. Vejam o meu caso, por exemplo: perguntem se antes de ser convidada a ir para Nova York eu estava preocupada com a ala de vestidos do meu guarda-roupa. Mas agora, algumas verdades preocupantes vieram à tona:

a-) Se não contarmos o vestido que comprei hoje na liqüidação da Ópera Rock, a última vez que comprei um vestido "bom" foi em 2004 (eu deveria dizer "faz quatro anos..." para causar mais impacto, mas preferi a honestidade à dramaticidade). Por "vestido bom", visualize-se um de caimento perfeito, não originário da praça Benedito Calixto e nem remotamente reminiscente de Woodstock. Esses não sei bem como chamar - "divertidos", talvez -, e não que eu os esteja menosprezando: minha vida certamente seria bem menos divertida sem eles. Mas nem só de diversão é feita a vida.

b-) Os vestidos comprados hoje e em 2004 não foram compras minhas - foram, na verdade, presentes do meu pai.

c-) O vestido comprado hoje não é exatamente "bom" - no espectro que vai do divertido ao bom, ele fica mais ou menos no meio do caminho.

d-) Dos vestidos comprados entre 2001 e 2004, metade já não me serve mais - de lá para cá, cresci, e infelizmente não em altura.

e-) Tanto a metade que me serve quanto a outra metade que não me serve compartilham de um mesmo problema: EU NÃO AGÜENTO MAIS OLHAR PARA ELES. Que dirá vesti-los.

Pois é este o problema do vestido bom: sendo bom, ele resiste tanto às modas efêmeras quanto às lavagens. Os meus vestidos bons continuam lindos e resplandescentes no armário. O problema é que, fora do armário, já não consigo me ver linda e resplandescente neles.

E eis que vou para Nova York, e me vejo necessitada de vestidos bons. Eu sei que o combo calça + meia de lã + bota ugg está a apenas alguns dias de se tornar o meu melhor amigo, mas convenhamos: não sou mulher de usar calça por mais de cinco dias seguidos. Sem saia (e de calça), a vida perde um pouco do seu colorido. E sim, tenho umas duas saias que pretendo levar para lá - mas convenhamos também que saia nenhuma se compara a um bom vestido.

Interrompo neste momento a argumentação para que os leitores possam ouvir internamente o rufar dos tambores que idealmente deveria preceder a exposição da última (e mais do que conveniente) verdade preocupante da ala de vestidos do meu guarda-roupa:

f-) A Lili se casa em março e eu não tenho vestido para ir ao casamento dela.

E eis que - repito - vou para Nova York, e a liqüidação é geral, e eu já tinha prometido a mim mesma que só ia entrar na Victoria's Secret pra renovar meu estoque de hidratante de pêra, mas aí me lembrei do sutiã-neston (aquele que dá pra usar a alça de mil e uma maneiras), e o voto franciscano foi por neve abaixo.

Então - assim como alguns amantes cobrem os olhos da Virgem quando engajam em atividades recreativas não-destinadas à procriação - por que não cobrir os olhos de São Francisco nesses breves dias de compras em Nova York?

Resumindo e esclarecendo: vou me dar de presente um vestido da Blooomingdale's. Ou dois, ou quem sabe três.

E a temporada de caça aos vestidos já começou. Para isso escrevi o roteiro de duas cenas:

Cena #1: Esta que vos escreve usa um bom vestido, na faixa de U$100-200, em algum bar nova-iorquino, à noite. Sayid entra no dito bar e me vê no dito vestido à distância. Apaixona-se imediatamente. Aproxima-se de mim, e a paixão aumenta.

Cena #2: Esta que vos escreve usa um bom vestido, na faixa de U$100-200, em alguma deli nova-iorquina, de dia. Desmond entra na dita deli e me vê no dito vestido à distância. Apaixona-se imediatamente. Aproxima-se de mim, e a paixão aumenta.

Duas rápidas obsevações: a-) Sayid parece-me um homem noturno, enquanto Desmond afigura-se um homem solar; daí a distribuição de papéis nas cenas. b-) Quem foi que inventou aquela bobagem de que mulher se veste pra mulher?

As duas cenas foram exaustivamente ensaiadas na minha cabeça, com o objetivo único de responder à seguinte questão: qual o figurino mais apropriado para a cena #1 e para a cena #2?

Eis as respostas a que cheguei:

Cena #1


Diane Von Furstenberg "Lesley" Liquid Jersey Dress, U$207


Single Dress Sequin Francesca Dress, U$288

Cena #2

Diane Von Furstenberg "Newton" One Shoulder Dress, U$325

(Outras rápidas observações: o vestido Francesca tem a vantagem de poder ser usado no casamento da Lili, e o vestido diurno tem a desvantagem de não poder ser usado em Nova York em janeiro.)

O leitor atento há de ter percebido que os figurinos acima extrapolam os U$200 inicialmente pretendidos: vestidos na faixa de U$100-200 apropriados para o meu roteiro, portanto, não existem. Mas o leitor mais atento ainda terá percebido também que outros elementos do meu roteiro simplesmente não existem: Sayid e Desmond. O que me deixa com esta (agora sim) última e acachapante verdade:

g-) Se vestidos arrebatadores de U$100 não existem e personagens de LOST também não, os vestidos Francesca & Diane certamente que sim.

Em qual (ou quais) vocês acham que eu deveria investir?

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