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domingo, 19 de agosto de 2007

Poeminha para a Piauí

Descobri o jeito ideal de participar do concurso da Piauí deste mês sem me deixar tomar pela pressão de obter resultado melhor do que o conquistado em julho. Muito simples: foi só escrever um poema! Notem que este é o primeiro poema que escrevo em minha vida. Portanto, só o fato de tê-lo escrito já representa alguma coisa - e tenho quase absoluta certeza de que esta coisa é "não escrever poemas nunca mais". Respirem fundo, que aí vai:


Poeminha
de uma mulher
interessada

Estou interessada por um cara.
O cara não está interessado em mim.
"Desastre à vista!", afirma minha cabeça;
"Vai fundo!", retruca meu coração chinfrim.

Meu coração quer que eu ponha "apaixonada" no título.
Minha cabeça me diz: "ao menos disfarce com interessada!".
Meu coração insisite que é preciso ser honesta para conquistá-lo.
Minha cabeça já aprendeu que honestidade demais só irá assustá-lo.

- Por que isso de novo, meu Deus?
Ele dormiu em casa, eis o problema,
E foi aí que (quase) tudo aconteceu:

Os lóbulos da orelha dele roçaram minhas fronhas e meus lençóis;
Os mamilos dele alargaram-se ao contato do grosso cobertor;
As pontas das unhas dele cravaram-se na borda do edredom;
Os pêlos do tornozelo dele grudaram na colcha de chenile.

Então eu escrevo interessada, mas relato toda a discussão.
Minha cabeça faz "tsc, tsc"; meu coração perde a razão.
Eu quis escrever um poema que falasse de mim, assim:
Uma mulher interessante, nunca mulher interessada.

Um poema de rimas ricas e engraçadas - de novo,
Interessante!
Mas que nada. Agora sou pobre e desconexa.
Os versos saem tortos e vou minguando, enquanto penso nele envolto em colcha,
Edredom, cobertor e lençóis de cetim.

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